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quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Al-Mu`Tamid Rei e Poeta

A noite lavava as sombras
Das suas pálpebras com a aurora.
Ligeira corria a brisa.
E bebemos! Um vinho velho cor de rubi,
Denso de aroma e de corpo suave


 
 
A BATALHA FINAL
 
Eu tinha mal contidas lágrimas
e o coração destroçado.
e me diziam: “a rendição convém-te! rende-te!”
mas o pior veneno seria melhor que a rendição.
os inimigos a pátria me roubavam
e o povo fazia-me sentir o gosto da traição.
porém, meu coração ainda estava no meu peito
e o corpo jamais entrega o coração.
tudo me levaram menos o carácter nobre,
a nobreza pode alguém arrebatá-la?
no dia da batalha eu não quis couraça,
e saí para a luta sem proteção para o peito.
mortifiquei a alma, julgando que a perdia.
a rodos o sangue então corria.
mas nem assim a morte quis chegar
p’ra me poupar ignomínia e submissão,
lancei-me na batalha julgando não voltar.
assim meus avós, assim sou eu:
quem sabe da raiz o ramo conheceu.


Minh’alma quer-te com paixão
Ainda que haja nisso uma tortura
E alegre vai na ânsia da procura.
Que estranho ser difícil nossa ligação
Se os desejos d’ambos concordaram!
Que quereria mais meu coração,
Ao desejoso te buscar em vão,
Se meus olhos te viram e amaram?
Allah bem sabe que não há razão
De vir aqui senão para te ver.
Que o vigia não nos possa achar
Se o nosso reencontro acontecer
P’ra os teus lábios doces eu provar.
Folgarei no jardim da tua face,
Beberei desses olhos o langor,
E mesmo que um terno ramo imitasse
O teu talhe grácil, sedutor,
Valerias mais que o imitador.
Não te ocultes, oh jardim secreto:
Quero colher meu fruto predileto!


Ao passar junto da vide
Ela arrebatou-me o manto,
E logo lhe perguntei:
Porque me detestas tanto?
Ao que ela me respondeu:
Porque é que passas, ó rei,
Sem me dares a saudação?
Não basta beberes-me o sangue
Que te aquece o coração?

O teu aroma tomou-me conta do olfacto
E o teu rosto lindo preencheu meus olhos:
És minha mesmo depois de me deixares
E só por isso me chamam poderoso.

 Generosidade!
Generosidade! És mais doce
Que vitória sentir no coração.
Contigo é que se alcança a posse
Daquilo que não alcança nossa mão.

És mais doce que o canto da amada
Ao dar-te de beber na alvorada.

Ó rosto solar do crepúsculo e da alva!
Tenho saudades do tempo generoso
Como a terra seca do orvalho dadivoso.
Minha mão desprezou o copo enfadada
Meu ouvido não quis ouvir a melodia
Até regressar minha beneficiência
E me fazer louvar como eu queria.

Conquistaí-me com sedas a indulgência!
E darei meu oiro aos que têm carência
!