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terça-feira, 14 de junho de 2011


NA VIA DE SAN ROMANO

A poesia se faz numa cama como o amor
Seus lençóis desfeitos são a aurora das coisas
A poesia se faz nos bosques

Ela tem o espaço de que precisa
Não este mas o outro que condicionam

O olho do milhano
O orvalho sobre uma cavalinha-do-brejo
A lembrança de uma garrafa de Traminer
    embaçada sobre um prato de prata
Uma alta verga de turmalina sobre o mar
E a estrada da aventura mental
Que sobe a pique
Uma parada ela se emaranha logo logo

Isso não se grita sobre os telhados
É inconveniente deixar a porta aberta
Ou chamar testemunhas

Os bancos de peixes as sebes de melharucos
Os trilhos na entrada de uma grande estação
Os reflexos das duas margens
Os sulcos no pão
As bolhas do riacho
Os dias do calendário
O hiperico

O ato de amor e o ato de poesia
São incompatíveis
Com a leitura do jornal em voz alta

O sentido do raio de sol
A luz azul que reata as machadadas
    do lenhador
O fio do papagaio em forma de coração ou
    de nassa
O batimento na medida da cauda dos
    castores
A diligência do relâmpago
O jorro das dragas do alto dos velhos
    degraus
A avalanche



A câmara dos prestígios
Não senhores não é a oitava Câmara
Nem os vapores do alojamento militar um domingo a noite

As figuras de dança executadas em trans-
      parência acima dos pântanos
A delimitação contra um muro de um corpo
      de mulher ao lançar de punhos
As volutas claras da fumaça
Os cachos de teus cabelos
A curva da esponja das Filipinas
Os enlaces da serpente coral
A entrada da hera nas ruínas
Ela tem todo o tempo diante de si

O abraço poético como o abraço carnal
Enquanto dura
Impede toda fuga sobre a miséria do mundo

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